quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Solidão

Era uma quinta-feira, em plena Avenida 9 de Julho, centro de São Paulo, maior símbolo brasileiro de desenvolvimento e caos urbano. Os bares estavam movimentadíssimos como de costume, as pessoas se divetiam, embora a inquiteação dos motoristas pudesse ser notada pelo barulho das buzinas.
Tudo parecia estar como sempre, mas, num prédio qualquer igual a tantos outros havia uma moça, loira, jovem, bonita e triste, solitária. Deitada em sua cama aos prantos se deixa abater pela solidão e busca na mesma a resposta para tamanho desprezo, sente-se só e sem a resposta que quer mergulha em depressão profunda. Tudo a sua volta lhe parece estranho e o medo de descobrir novos caminhos de derrota a faz afundar ainda mais.
A pobre moça tenta se levantar, porém, já não sente mais forças, agora já nem bebe, come e tão pouco consegue respirar, pois o ar a sufoca. O relógio marcava 22:30 hs, o blecaute de repente tomava conta de toda cidade e ela se encontrava ali ajoelhada aos pés da cama pensando em como podia ter tirado sua própria vida, tudo que mais amava.
Caminhou, então, em direção a janelapara um horizonte sem fim, sua alma enfraquecida pede socorro e ajuda lhe negam, lá embaixo sua presença também parece insignificante. Seu coração bate acelerado, está sangrando e antes de deitar no berço sagrado da morte olha para trás, olha para suas mãos e percebe que nada de bom fizera, viera ao mundo para sofrer, mas agora queria ser livre como um pássaro e feliz ainda que por alguns segundos.
De repente, em plena escuridão, traça seu próprio destino. E assim, a pobre moça se foi, no barulho do silêncio, na raiva da paz, na tristeza da alegria. Quase ninguém notou que era o corpo de um ser humano que despencava do edifício, pensaram tratar-se de um saco de lixo ou qualquer outro objeto.
Porém, ao se aproximarem, apesar de toda aquela escuridão puderam perceber tratar-se de uma pessoa, alguns iluminaram a face da moça já desfigurada com seus celulares, em suas veias havia um triste sangue, horrível, ignorante, mas verdadeiro: O HIV. Logo chegou o corpo de bombeiros e o Instituto Médico Legal, levaram o que restou do corpo daquela moça que morta já estava há muito tempo, por dentro.
As pessoas que lá estiveram continuam a correria de suas vidas, já nem se lembram do acontecimento, as pessoas morrem e é como se não tivessem existido. Espero, que a pobre moça, cujo nome era Maria, descanse em paz para que os anjos ao som do vento venham embrulhar no véu da noite a princesa da liberdade.
Carol Freitas

3 comentários:

  1. Publique mais textos Carolzinha, para de escrever em cadernos sua velha kakakaka
    Sério, parabéns! Quero ler mais, muito mais querida amiga.

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  2. Concordo com a Livinha, para de escrever em caderno menina e posta mais por aqui. Beijos coração.

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  3. Professora, lendo seus textos mato um pouco da saudade, volta pra Ata. Seria mto bom.

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